quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Um Método Perigoso [2011]


(de David Cronenberg. A Dangerous Method, Reino Unido/Alemanha/Suiça, 2011) Com Michael Fassbender, Keira Knightley, Viggo Mortensen, Vincent Cassel, Sarah Gadon. Cotação: ****

2011 foi realmente o ano de Michael Fassbender, que ao lado de Ryan Gosling, encontrou o timing certo para comprovar talento com carisma, beleza aliada com uma incrível capacidade de encarnar tipos diferentes. Michael, apesar de já ter sido visto em produções anteriores, como “300” (2006) e “Bastardos Inglórios” (2009), conquistou destaque ano passado por participações destacáveis em “Jane Eyre", “X-Men: Primeira Classe” (onde ele compôs um Magneto bem mais humanizado), no novo de Soderbergh “A Toda Prova”, e, como costumo dizer, arrancou suspiros e aplausos em “Shame” (esses dois últimos títulos ainda inéditos), que quase lhe rendeu uma indicação ao Oscar e atestaria a sua imagem de revelação do ano. São tantas aparições e gente falando bem do cara, que assistir “Um Método Perigoso” sem se dar conta de que esse alemão está com tudo, e com boas razões, se torna muito difícil.

Aqui, ele vive nada menos que Carl Gustav Jung, um dos maiores nomes da psicologia, sendo o fundador da corrente analítica de seu tempo. O filme se inicia na Suiça, no comecinho do século passado, quando a jovem judia Sabina Spielrein (Keira Knightley) é enviada para um rigoroso tratamento psiquiátrico na instituição que o Dr. Jung até então trabalhava. Extremamente selvagem no começo, Sabina é tratada por Jung ainda no início de uma época pré-divã, tendo a coragem de colocar em prática as idéias ainda pouco creditadas do austríaco Sigmund Freud (Viggo Mortensen), que nessa época, ainda enfrentava resistência por conta de uma nova forma de tratamento, ainda pouco difundida e aceita, a tal “cura pela fala” (talking cure). Durante anos, a retomada da sensatez de Sabina, apesar de ser um avanço, poderá afetar de maneira definitiva na proximidade entre duas grandes personalidades, conhecidas por serem patriarcas da psicanálise.

É interessante notar que “Um Método Perigoso” vai desenrolando questões que inquietam grande parte da população. Afinal, onde estariam os cernes dos nossos problemas e/ou desvios? Segundo o filme ressalta é que Freud (e boa parte dos que estão contra ele vai concordar) vai dissecar essa problemática até tudo virar uma questão sexual. Jung, mais inquieto e questionador, vai buscar formas alternativas de responder essas questões, mesmo que ele tenha um respeito imensurável pela figura de Freud. É importante frisar que não pretendo aqui fazer uma grande análise do que ambos pensadores provaram, ou o quanto um ou outro está certo. O que posso dizer é que o filme pende para Jung, principalmente no que diz respeito à construção do seu personagem. Freud, ao contrário de seu colega, é visto como um homem mais cheio de si, cheio de análises referentes aos sonhos do Jung, mas que não demonstra nenhum tipo de submissão por receio “de perder a autoridade”. Seu fumo excessivo está lá como elemento de inquietude, e porque não dizer, fragilidade.

Com lindas ambientações, “Um Método Perigoso” tem como grande êxito a forma visceral com que seus atores estão na tela. Até ver no início da interpretação de Keira Knightley, mesmo estando no limite do overacting, está muito bem justificado. A própria atriz, após intensa pesquisa sobre sua personagem, descobriu que o comportamento dela quando foi internada se assemelhava a um cão indomável. E foi com aquela concepção que se mostrou numa sessão de skype com Cronenberg. E ele, já famoso por adorar interpretações por vezes exageradas de seu elenco feminino, apostou na composição de Keira. Até Viggo Mortensen, um ator que têm feito escolhas bem interessantes na sua carreira, está tão seguro na pele de Freud, que fez por merecer as suas pulverizadas lembranças em nomeações como no último Globo de Ouro, em que saiu com uma indicação de ator coadjuvante.

Apesar do último quarto um tanto quanto elíptico, “Um Método Perigoso” é um filme agradável e faz com que o tempo passe voando. As razões estão muito além dos elogios que faço ao texto inteligente, mas ao trabalho de Cronenberg e o elenco afiado dão conta disso.

6 comentários:

  1. Realmente, o grande destaque de 2011 foi ele (junto do Gosling). Gostaria de tê-lo visto indicado, mas sei que Fassbender tem muito filme bom ainda pela frente! O bacana dele é que, pelo visto, ele sabe fazer boas escolhas!

    Estou doido para ver este também :D

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  2. Pra mim, Um Método Perigoso é um filme de roteiro, de diálogos, que foram bem delineados por atuações maravilhosas. A que menos gostei foi Keira Knightley, achei ela mais forçada do que maluca com aquela mandíbula dela. De resto, não gostei tanto quanto você e não acho que veria novamente, mas não é um filme ruim.
    Abração!

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  3. Eu ainda estou tentando entender porque Keira ficou de fora, porque!?

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  4. Achei esse filme bastante interessante. Foi um dos destaques do Festival de Cinema do Rio de Janeiro em 2011. O trio de protagonistas está impecável! Vindo do diretor que tanto já me impressionou esperava talvez algo mais. Ainda assim é uma bela obra. parabéns pelo tetxo!!!

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  5. Cada vez, fico com maior vontade de assistir Um Método Perigoso. O elenco estrelado por atores de elite, além do diretor renomado, somado ao assunto tratado - psicologia me fascina -, me deixam com uma ansiedade incrível! Bom saber que você gostou... só aumenta ainda mais a expectativa!

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