segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres [2011]


(de David Fincher. The Girl with the Dragon Tattoo, EUA, 2011) Com Daniel Craig, Rooney Mara, Christopher Plummer, Stellan Skarsgård, Steven Berkoff, Robin Wright, Joely Richardson, Goran Visnjic. Cotação: ****

Não é de hoje que tenho a consciência de que americanos não gostam de ler legendas. E esse é provavelmente o único fato que explica essa nova adaptação da trilogia de sucesso meteórico Millennium, escrito por Stieg Larsson (1954–2004), e que já tem adaptações completas para o cinema na Suécia. “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, o filme sueco, foi lançado há cerca de dois anos, e quase imediatamente, foram lançadas as seqüências "A Menina que Brincava com Fogo" e "A Rainha do Castelo de Ar". A primeira parte dessa trilogia levada às telonas chegou até nós fazendo relativo sucesso, e de olho no falatório acerca desse fenômeno editorial, os estúdios americanos fizeram questão de recriar à sua própria maneira, encabeçando nada menos que David Fincher pra fazer tudo isso valer a pena. E o cara fez isso acontecer.

O jornalista Mikael Blomkvist (Daniel Craig), após ser acusado de difamação nos tribunais por um grande empresário que ele investigava, resolve se afastar um pouco da Millennium, revista de esquerda em que ele trabalha. Até que ele é convocado por Henrik Vanger (Christopher Plummer), um milionário que, sabendo do grande faro investigativo de Mikael, pede pra que ele revire o caso de desaparecimento de sua sobrinha Harriet, que sumiu sem deixar rastros em 1966, quando tinha 16 anos. Durante todo esse tempo, a única pista são os quadros aparentemente enviados por ela, que chegam todos os anos, endereçados ao seu tio. Mikael terá que se mudar para a gélida vila em que Henrik reside próximo de sua grande família, na qual todos os integrantes são suspeitos pelo desaparecimento de Harriet. Enquanto isso, aos poucos a hacker punk Lisbeth Salander (Rooney Mara), uma jovem de 23 anos atormentada pelo seu misterioso passado, vai se envolvendo cada vez mais com Mikael e seu novo trabalho.

David Fincher é realmente um cara confiável. Responsável por filmes bem realizados como "Seven - Os Sete Crimes Capitais" (1995) e "A Rede Social" (2010), Fincher comprova sua mão habilidosa logo de início, até mesmo na concepção da incrível seqüência dos créditos iniciais (é certo que ele tenha contado com uma equipe de técnicos encomendados para isso, mas é óbvio que meu elogio não se deve somente a isso). Ainda no início, dá-se a impressão de que essa versão é mais ágil, mas isso é logo abandonado. Ainda mais para quem é fã dos livros de Larsson (ou o filme sueco), é até desafiador acompanhar uma fita bem longa (tem 158 minutos), sendo que não existem grandes alterações. Basicamente, é a mesma história, com reafirmações e obviedades. Existem sim algumas boas novidades (a tentativa de roubo contra Lisbeth que deixará seu notebook inutilizado é bem mais legal aqui) um melhor apuro estético (a fotografia e a direção de arte funcionam como chamariz), o que resulta em filme que, apesar de ser uma adaptação dispensável, foi feito com muita competência profissional.

Os atores estão excelentes. Para a surpresa de muita gente, Daniel Craig está longe de ser um ator que terá que se preocupar com as constantes encarnações de James Bond. Está envelhecido, mas muito convincente e entregue (emagreceu para o papel, e assim, ficou sem o biofísico do agente 007). Rooney Mara, então, praticamente toma o filme para si. A atriz, que conseguiu ser finalista no Oscar na categoria de atriz, embora seja considerada o grande azarão, foi submetida a uma grande pressão por questionarem se ela – sendo uma atriz considerada iniciante - iria, enfim, conseguir transpor a complexidade de uma personagem como Lisbeth de uma forma tão boa quanto Noomi Rapace, a intérprete original, que se negou a reencarnar a mesma personagem numa nova versão, numa sensatez elogiável, mesmo com a ferrenha campanha que os fãs travaram em favor dela.

Como se trata de um filme envolto em um grande mistério, não me sinto no direito de comentar os pormenores da história. Como já disse, quem já conhece não terá surpresas. Gosto muito mais da forma como desenvolvem Lisbeth Salander do que no caso principal, mas isso não é mérito do filme, especificamente, mas ao menos respeitaram essa qualidade da narrativa de Larsson. Resta saber se Fincher continuará a série, que por enquanto, é encontrada somente em sua versão sueca. Nessa altura do campeonato, o saldo é positivo para os americanos.

9 comentários:

  1. Gostei bastante deste... Acho que gostei até mais do que da versão sueca!

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  2. Acabei gostando mais da versão americana, que é melhor em muitos aspectos do que a sueca. Acho que para comparar as duas apenas o ritmo lento de ambas e a atuação da Lisbeth de cada uma. Tanto Noomi Rapace quanto Rooney Mara me surpreenderam com as personagens.
    Abração!

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  3. Este filme tem oscilado muito entre o bom e o péssimo. Tenho lido outras resenhas a respeito dele. Não posso, ainda, forma um juízo de valor. Mas, gostei do que acabei de ler. Muito bom seu texto, Adecio. E, talvez, você tenha razão se o saldo é positivo ou não para os americanos. Irei vê-lo. Um abraço...

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  4. Sinceramente não me empolgou. A história é cheia de clichês e a tão badalada performance de Rooney Mara é só um show de maquiagem e figurino. Ela exibe a mesma cara do inicio ao fim da fita.

    O Falcão Maltês

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  5. filmaço. até agora o melhor de 2011 - fincher e sua forma fria de dirigir cairam como uma luva ao filme, que alias, é muito fiel ao livro!

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  6. Gostei muito do filme e não assisti o original sueco (farei isso e aproveitarei e verei toda a trilogia logo) para poder comparar.

    Gostei das atuações e do clima de suspense.

    É realmente uma história que não dá para entrar em detalhes sem estragar as surpresas (para quem não leu os livros ou viu o filme sueco).

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  7. Achava difícil David Fincher fazer algo melhor do que a versão sueca (da qual gostei bastante). Pelo visto, ele conseguiu.

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  8. Olá! Sou cartunista especializado em caricaturas e este foi o meio que encontrei p/ expressar minha admiração pelo trabalho de David Fincher e em especial do anti-carisma mais sedutor dos últimos tempos encarnado na personagem Lisbeth Salander.

    http://marcelographics.wordpress.com/2012/02/17/caricaturas-millenium-the-girl-with-teh-dragon-tattoo-by-marcelographics/

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  9. Achei a o filme original beeeem chato, um andamento de dar sono. Mas a história é inegavelmente boa. Quero ver essa versão americana, que quem sabe, pode me agradar mais (afinal, o cinema europeu por vezes me é confuso)

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