segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

50% [2011]


(de Jonathan Levine. 50/50, EUA, 2011) Com Joseph Gordon-Levitt, Seth Rogen, Anna Kendrick, Bryce Dallas Howard, Anjelica Huston, Serge Houde, Philip Baker Hall. Cotação: ****

Joseph Gordon-Levitt, para quem não lembra (ou não sabe), era aquele pentelho do “3rd Rock From the Sun”, série divertidíssima que durou seis temporadas entre 1996 e 2001. Depois ele foi crescendo, sem ter muito destaque nem na TV, muito menos no cinema. Acabou ficando mais famoso após estrelar o pop-indie “(500) Dias com Ela” (2009), e assim, tendo boas oportunidades em filmes como “A Origem” (2010), e no ainda inédito terceiro filme do Batman da era Christopher Nolan. Mas foi neste “50%” que o rapaz comprovou que talento, muitas vezes, só pode ser visto quando se tem boas oportunidades. E para conseguir o real reconhecimento, é preciso surpreender de verdade.

Aos 27 anos, o ecologicamente correto Adam (Joseph Gordon-Levitt) recebe uma notícia tão surpreendente quanto inaceitável: ele está com um raríssimo câncer, localizado na região lombar (conhecido como Schwannoma). Apesar do baque inicial, é preciso estar com maior fôlego para lidar com as reações da namorada que ainda está se tornando íntima (Bryce Dallas Howard), a mãe extremamente protetora (Anjelica Huston incrível), a terapeuta iniciante (Anna Kendrick), e o amigo que só quer ver o lado bom da situação (Seth Rogen), tomando, inclusive, o câncer como um bom motivo para se dar bem com a mulherada. Dentro desse circulo que ele não tem como fugir, e, obrigatoriamente, ele tem que aceitar ficar no centro, ele inicia uma jornada para conseguir estabelecer o que um câncer pode levar dele antes de sua possível morte.

Quase todo mundo deve presumir a pedreira que deve ser para enfrentar uma doença tão nefasta quanto essa. Quem já teve ou presenciou de perto alguém em tratamento acaba tendo uma aula de vida sem nem ao menos tê-la desejado. A partir dessas resoluções que tiramos de situações como esta, foi que Will Reiser, roteirista de “50%”, incitado pelo amigo Seth Rogen, escreveu algo nos moldes de suas próprias experiências, quando teve que enfrentar uma situação bem similar ao do protagonista do filme. O resultado foi uma grata surpresa. “50%” já merecia destaque simplesmente por não se desviar muito da sua intenção inicial: a jornada de Adam contra a temível doença. Para salientar isso, perceba que o espaço para romance, quando há, se limita às boas impressões que duas pessoas podem causar um ao outro, sem que isso não caia num romance forçado, que não teria nada a ver com o planejamento do filme. Só este motivo já faz “50%” valer à pena.

Outro mérito que deve ser apontado é a aura humana e jovial que o filme possui, dando direito a ter cenas bem humoradas, com outras realmente tristes (a partir do momento em que Adam vai caindo no estágio mais revoltante para o paciente), até os momentos realmente emocionantes, sem, contudo, parecer piegas. E ainda tem Anjelica Huston diferente de sua figura habitual, e de uma forma que eu quase não a reconheço. Acho que deste que eu me entendo por gente, a atriz sempre manteve seu estilo quase intocável. Bom para nós, que podemos conferir sua ótima presença.

Repleto de referências pop que podem fazer os menos informados ficarem meio no vácuo (citam Senhor dos Anéis, Harry Potter, a careca de Michael Stipe, e as doenças de Patrick Swayze e Michael C. Hall), “50%” pode ser aquela prova de que retratar doença séria não precisa ser, necessariamente, um filme dramático e edificante, muito menos ser uma dessas comédias que não tem um mínimo de escrúpulo ao dosar o humor negro. É um grande alívio agradar-se com este filme.

5 comentários:

  1. Do diretor Jonathan Levine eu já vi Doidão. Um filme até bacana, mas nem tanto. Portanto, a minha expectativa estava um pouco alta já que aqui ele reuniu um bom elenco e tem uma boa história em mãos. Estou muito curioso para conferir ;D

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  2. Acho que sem o Joseph o filme não seria o mesmo (principalmente com o chatão do Seth Rogen no filme), mas sim é um filme bem original que funciona perfeitamente, com uma boa dose de humor aqui e ali.

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  3. Não sou muito chegado em filmes sobre doenças, principalmente norte-americanos, mas esse tem a Anjelica e a Bryce...

    O Falcão Maltês

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  4. 50% é um bom filme, mas não gostei do mesmo modo que você. Ele sabe dosar bem o humor e o drama, mas pra mim ele acabou se tornando apenas mais um filme sobre câncer, só que com um diferencial: o ótimo roteiro que não precisa enganar o espectador para levá-lo às lágrimas.

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  5. Nossa, a premissa parece muito interessante. Esse garoto é talentoso, verei esse filme.

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